A primeira vez que te vi foi como se estivesse sonhando.
Lembro-me que cheguei a tocar minha pele para ter certeza de que estava acordado.
Era como adentrar num paraíso, onde as flores coloridas e perfumadas atraiam os passarinhos de todo o espaço, beijando-lhes as pétalas ou sugando seu mel para saciar sua sede.
Teus olhos cintilavam como duas estrelas isoladas de todas que brilhavam no firmamento e estas, certamente, luziam nos meus olhos, extasiados que estavam ante a tua imagem.
A delicadeza das tuas mãos pousando sobre as minhas, dava-me a sensação de que eu era tocado pela mais fina seda, que buscava protegê-las como luvas, minimizando o meu tremor.
E, incontinenti, te abracei e foi como se eu estivesse levitando, amparado pelo mais lindo anjo de luz que me levaria a eternidade.
Teus braços, envolvendo o meu corpo, tinham força para me amparar, mas, ao mesmo tempo, eram como uma suave nuvem que me permitia sentir a delicadeza do leve e alvo algodão que me acomodava suavemente, me transformando numa gota d’água cristalina, prestes a rolar em forma de garoa, ou simples, mas terna, gota de orvalho, sentindo a liberdade segura que só é possível sentir quando estamos presos a quem amamos.
Tua boca.
Ah, a tua boca.
Teus lábios, enfim buscaram os meus.
E o aveludado que me levou as alturas, fez-me saborear o néctar dos deuses, doce mel depositado na minha língua, que sem pudor, brincou com a sua, fazendo amor, queimando nossas peles, fazendo nossos corpos se apertarem, se contraírem, se prenderem como se temessem se perderem um do outro, ao mínimo sinal de afastamento.
Nossos lábios se afastaram.
Mas, apenas os nossos lábios.
Nossos corpos pareciam imantados, admitindo, tão somente, se aconchegarem mais, encaixando-se completamente, alinhando o côncavo ao convexo.
Meus ouvidos sorriram quando ao ouvir sua voz doce e suave.
E minha alma, ah, a minha alma.
Esta se sentiu viva, colorida, ante a magia daquele momento.
E já não sei descrever a seqüencia da nossa primeira vez.
Eu já não enxergava o exterior da minha alma, já não sentia nada alem do calor do teu corpo, já não tinha audição para qualquer som que não partisse de ti, da tua boca, do teu corpo, da tua respiração, do teu coração.
A primeira vez que te vi, foi apenas a primeira, de tantas outras que continuo vendo e sentindo em cada momento dos meus dias, em cada instante da minha vida, em cada pensamento que domina o meu ser.
Talvez você não estivesse presente nessa primeira vez.
Na verdade, nem sei se algum dia estiveste presente, mas sei que teu corpo sempre esteve assim, juntinho do meu, e essa magia não ocorreu num simples sonho, mas se faz presente em todos os meus dias.
E assim será, eternamente.
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